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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

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A Escrita Dos Surdos

A escrita, depois da fala é o primeiro meio de comunicação que se aprende. E para quem não fala como os surdos? Em uma época de inclusão social onde a maioria das pessoas não conhece a Língua de Sinais (LIBRAS ? Língua Brasileira de Sinais) que é a língua oficial do surdo, a escrita se torna um importante instrumento de comunicação entre surdos e ouvintes. Mas, como ocorre a aquisição da Língua Majoritária (Língua Portuguesa)? Através de associações entre figuras e seus signos lingüísticos (em Língua de Sinais) e posteriormente é feita a associação dos mesmos com a representação escrita do signo lingüístico.
A escrita de surdos tem um diferencial, pois a produção das pessoas privadas da audição e usuárias da Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) pode-se ser comparada com a escrita de estrangeiros, ou seja, de falantes de outra língua.
Na sintática os alunos apresentam dificuldades na estruturação da sentença, geralmente eles entendem o que os outros escrevem, porém não conseguem formular orações adequadas, devido às dificuldades morfológicas e sintáticas, como: concordância verbal e nominal. Difícil é o emprego dos tempos verbais no perfeito e no imperfeito, do subjuntivo; das preposições e dos pronomes oblíquos. 
Com a educação bilíngüe e o reconhecimento da língua de sinais como primeira língua dos surdos. As diretrizes do MEC (2002) indicam que o ensino de português para surdos deva assumir metodologias de segunda língua. Uma compreensão limitada a respeito da linguagem e de sua importância em relação ao processo avaliativo do surdo é também daqueles que ouvem. Assim tanto professores como alunos requerem uma formação diferenciada para lhe dá com as especificidades de tais limitações.
Considerando a hipótese de que a língua de sinais é a língua natural dos surdos, se o surdo for usuário da língua de sinais, a Libras assumirá um caráter mediador e de apoio na aprendizagem do português, uma vez que, para o surdo, aprender a escrever, é também aprender, uma segunda língua. Assim sendo, a língua de sinais pode interferir na escrita do sujeito surdo, quanto ao uso de conectivos, preposições, tempos verbais, concordância nominal e verbal, etc, mas não na sua estrutura textual, pois como observa Koch (1997:20), "na atividade de produção textual, social/individual, alteridade/subjetividade, cognitivo/ discursivo coexistem e condicionam-se mutuamente, sendo responsáveis, em seu conjunto, pela ação dos sujeitos empenhados nos jogos de atuação comunicativa ou sócio-interativa". Desse modo percebemos que o desenvolvimento do sujeito surdo é amparado pela sua característica lingüística.
Então em uma pesquisa para analise do texto de um surdo, pedimos para dissertar sobre "o que você entende sobre futebol". O rapaz Erikson disse: "nós importante e jogo surdos e gosta muito e especial esporte pernambucano união igual mesmo ouve também surdos gosta muito. Comunicado surdos". O moço Felipe disse: "você já apreendido marido? Foi muito difícil, mas enganar você. Motivo dinheiro ou bêbado? Eu já sei claro que sim, eu também graças a Deus, eu fiquei a vontade de ajudar você, eu não brincar nada, falou serio, você é linda sim". Com esta escrita percebemos justamente que não se tem os elementos coesivos que são necessários no português. 
A linguagem sem escrita própria é passageira, menos precisa, depende do momento, do lugar, de quem comunica e da memória. A escrita é a representação de um sistema primário que é, em geral, a fala. As pessoas ouvintes têm facilidade de aprender porque copiam os fonemas. As pessoas surdas que se comunicam por sinais também precisam representar pela escrita a fala própria delas que é viso-espacial. Quando as pessoas conseguem aprender uma escrita que é representação de sua língua natural amadurecem e melhoram todo o seu desenvolvimento cognitivo. 
O sentido da escrita é posto "no prazer de compreender" e de "poder falar sobre" acontecimentos singulares que afetam direta ou indiretamente a vida da pessoa, levando a um movimento constante de articulação entre passagens do texto escrito e de outros discursos (orais ou sinalizados). A escrita precisa ser uma atividade significativa para a criança isso acontece quando as pessoas podem escrever baseadas em sua compreensão da língua de sinais, não necessitando da intermediação da língua oral. O que ocorre também, no ambiente de uma classe de surdos, onde o professor e os colegas se comunicam em língua de sinais, elas efetivamente tentam escrever os sinais quando estimuladas a isso. Então considero que a surdez seja uma diferença, mas que não posa ser excludente do individuo. Assim corrobora "Aquele que aprende a enunciação de outrem não é um ser mudo, privado da palavra, mas ao contrário, um ser cheio de palavras interiores. Toda a sua atividade mental [...] é mediatizada para ele pelo discurso interior e é por aí que se opera a junção com o discurso aprendido do exterior. A palavra vai à palavra." Mikhail Bakhtin 1992
Quando se pensa em escrita, duas perspectivas, dentre várias, interessam nos mais particularmente: aquela que se preocupa com a escrita dentro de um processo sociológico mais amplo e aquela que se preocupa com a escrita sob o ponto de vista do ensino. Em nossa perspectiva, separar esses dois aspectos é encarar a escritura. É nesses dois aspectos que se pode diferenciar, segundo proposta de Kleiman (1995: 16 21), letramento e alfabetização. Esta seria uma das práticas de letramento, de maneira geral de responsabilidade da escola. Aquele tem um sentido mais amplo e se presentifica em diferentes ambientes ? a família, o clube, a igreja e, inclusive, a escola. Quando falamos da união desses dois aspectos, queremos dizer que já não se pode mais "introduzir formalmente sujeitos no mundo da escrita" sem que esse processo esteja mergulhado em uma reflexão sobre o seu impacto social. Assim é que em nosso trabalho queremos assumir tal união.

Como se Comunicar com Pessoas Surdas

Pessoas surdas se comunicam visualmente e fisicamente, ao invés de audivelmente. Existem vários níveis de surdez: dificuldades de escuta, surdez profunda e surdez completa. [1] Você pode facilmente reconhecer pessoas com dificuldades de escuta pelos seus aparelhos auditivos (embora, é claro, algumas pessoas se recusem a usá-los, ou são incapazes, e eles estão ficando cada vez menores e mais difíceis de ver). Pessoas surdas ou profundamente surdas podem ainda não usar qualquer tipo de aparelho. Alguns indivíduos serão capazes de fazer leitura labial e lhe entender quase perfeitamente. Entretanto, muitos irão se comunicar com linguagem de sinais, ao invés de palavras. Este tipo visual de comunicação pode ser intimidador e parecer estranho a princípio, mas estas orientações irão ajudar.
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Passos

  1. Communicate With Deaf People Step 1
    1
    Obtenha a atenção da outra pessoa antes de tentar falar ou se comunicar.Fazer contato visual é uma boa forma. Se necessário, você pode fazer um pequeno aceno ou dar um leve toque para chamar a atenção. Embora você deva ter consideração com a pessoa e não ficar cutucando-a, geralmente não é considerado rude, em comunidades de surdos, tocar levemente pessoas desconhecidas para obter sua atenção. O ombro é um bom local para tocar alguém que você não conhece bem; dê dois tapinhas curtos.
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  2. Communicate With Deaf People Step 2
    2
    Fique em seu campo de visão. Tente manter seus olhos no mesmo nível dos olhos delas. Sente-se se ela estiver sentada, fique de pé se ele estiver em pé, compense grandes diferenças de altura, etc. Você deve se posicionar um pouco mais longe do que a distância normal para a fala (de 1 a 2 metros). Isso ajuda a garantir que elas verão todos os seus gestos. Se vocês estão em um ambiente fechado, certifique-se de que há luz o suficiente para que elas te vejam claramente. Se você está a céu aberto, fique virado para o sol para que não haja sombra em seu rosto e para que o sol não ofusque a visão deles.
  3. Communicate With Deaf People Step 3
    3
    Faça suas saudações em tom normal de voz. Sussurrar ou gritar irá distorcer seus movimentos labiais, tornando difícil para uma pessoa surda acompanhar suas palavras. Muitas pessoas surdas só conseguem fazer leitura labial até certo ponto. Da mesma forma, se você exagerar em seus movimentos labiais você será mais difícil de compreender do que se falar normalmente. Aumentar o volume da voz só ajuda se a pessoa tem somente dificuldades de audição, além de ter o efeito negativo de chamar a atenção das outras pessoas ao redor, fazendo com que seu interlocutor fique inibido. Se a pessoa não parecer ser capaz de leitura labial, você pode precisar se comunicar com papel e caneta. Escreva seu nome, saudação e apresentação.
    • Se você possui barba muito volumosa, pode ser mais difícil para uma pessoa surda fazer leitura labial.
    • Muitas pessoas com dificuldades auditivas que podem lhe entender perfeitamente em um cômodo sossegado não serão capazes de fazer isso em, digamos, um restaurante barulhento ou em qualquer lugar com elevado ruído de fundo.
    • Não coloque nada dentro ou ao redor de sua boca (chicletes, suas mãos, etc).
  4. Communicate With Deaf People Step 4
    4
    Estabeleça a essência do que será conversado. Quando elas tiverem ciência do tópico geral, terão mais facilidade de acompanhar a conversa. Não mude bruscamente o assunto; mesmo os melhores leitores labiais só conseguem entender cerca de 35% do que você fala e precisam adivinhar o restante de acordo com o contexto do assunto.
  5. Communicate With Deaf People Step 5
    5
    Faça contato visual. Você provavelmente não tem noção do quanto se comunica através de seus olhos e de suas expressões faciais. Se você estiver usando óculos escuros, tire-os. Se você puder acrescentar expressões faciais para dar ênfase a um assunto (sorrir, rolar os olhos, erguer as sobrancelhas), faça.
  6. Communicate With Deaf People Step 6
    6
    Use gestos e dicas visuais. Aponte ou segure qualquer objeto do qual está falando, e aguarde até que voltem a olhar para você para continuar falando. Você também pode fazer mímicas de ações, como beber, pular ou comer, de forma a ilustrar suas palavras. Use dedos para indicar números, escreva no ar para demonstrar que você está escrevendo uma carta, e assim por diante.
  7. Communicate With Deaf People Step 7
    7
    Seja educado. Se houver alguma interrupção que a pessoa surda não perceba, como um telefone tocando ou uma batida na porta, explique o porquê de você estar se distanciando. Não faça piadas sobre a audição (ou falta de audição) delas. Não se recuse a se comunicar abruptamente (como dizendo “deixa para lá”) após descobrir que são surdas. Não se mostre irritado quando houver a necessidade de repetir o que disse. Permita opiniões divergentes, da mesma forma que faria com um amigo que escuta. Assim como há pessoas boas e más que escutam, há pessoas boas e más surdas. Trate-as com cortesia e você estará bem na fita.
  8. Communicate With Deaf People Step 8
    8
    Aprenda a linguagem de sinais. Para se comunicar plenamente com pessoas surdas que se sentem mais confortáveis com gestos do que com a fala, aprenda a linguagem de sinais. As linguagens de sinais são idiomas naturais, com sua própria gramática e sintaxe. Muitos países têm sua própria linguagem nacional de sinais. Elas são bem distintas das linguagens faladas e geralmente não seguem a mesma distribuição geográfica. Muitas escolas, universidades e organizações oferecem aulas para todos os níveis de alunos.
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Dicas

  • Linguagens de sinais são um idioma a parte de seus equivalentes falados, como o português, com suas próprias regras, estruturas gramaticais e tempos. Elas não são simplesmente sinalizadas como português; O português não pode ser traduzido para a linguagem de sinais palavra a palavra. Muitas pessoas surdas irão entender o que você está dizendo se você sinalizar para elas em português, mas é um processo tedioso. Se você está trocando anotações com uma pessoa surda, ele ou ela pode não acrescentar artigos às sentenças (como “um”, “o” ou “e”) e pode deixar outras palavras de fora ou organizá-las de uma forma que aparenta ser incorreta gramaticalmente. Isso se dá porque eles estão traduzindo uma linguagem visual (libras) para uma linguagem diferente (português, por exemplo) e as traduções nunca são diretas.
  • Lembre-se de que pessoas surdas são pessoas comuns. Não assuma que só por que alguém é surdo, carece de ajuda. Se você está com alguém que é surdo, deixe-o pedir por sua ajuda.
  • Quando você estiver falando com uma pessoa surda capaz de fazer leitura labial, sempre esteja virado para ela. Isso pode parecer óbvio, mas muitas pessoas que podem ouvir irão virar a cabeça durante a conversa. Com isso fica mais difícil para que a pessoa acompanhe o que você está dizendo.
  • Aparelhos celulares capazes de enviar mensagens de texto (SMS) são uma excelente ferramenta se você não tem papel e caneta. Você pode escrever o que você quer dizer no telefone e mostrar para a pessoa surda. Muitas pessoas surdas já usam celulares para comunicação via texto.
  • Escreva o que você quer dizer em um pedaço de papel.
  • Leva tempo para conhecer um novo amigo, como em toda nova amizade. Com pessoas surdas isso não é diferente. Vá devagar e não presuma muitas coisas cedo demais. A paciência é a coisa mais importante do mundo se você quer construir relacionamentos fortes.
  • Troque endereços de e-mail ou identificação de sala de bate-papo. Muitos indivíduos surdos usam a internet para se comunicar, da mesma forma que pessoas que escutam usam o telefone para papear.
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Avisos

  • Nunca assuma que uma pessoa surda também possui deficiência mental.
  • Nunca assuma que médicos e fonoaudiólogos são autoridades a respeito de pessoas surdas. Eles estão ali para fornecer julgamento físico e não para criar a melhor fonte de opções educacionais ou intervenções.
  • Como um grupo cultural, as pessoas surdas são muito francas, e não possuem medo de falar o que pensam. Uma regra não escrita na cultura dos surdos é “se você pode ver algo, pode comentar a respeito”. Portanto, não leve a franqueza de uma pessoa surda para o lado pessoal, pois eles não têm a intenção de ofender. É simplesmente aceitável em sua cultura fazer comentários do tipo “você está maior do que da última vez que te vi” ou outras observações que podem ser consideradas rudes em uma conversa.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

O surdo e a língua escrita


Assim como o português na forma oral é a primeira língua para indivíduos ouvintes nascidos no Brasil, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é a primeira língua dos surdos, ou sua língua materna. Considerando que aproximadamente 95% dos surdos são filhos de pais ouvintes e 5% são filhos de pais surdos, o surdo está exposto à língua portuguesa no seu núcleo familiar e social, entretanto, ele também está incluído em uma comunidade surda, onde a Libras é a língua dominante. Logo, cabe à toda sociedade compreender definitivamente o caráter bilíngue do surdo.
É por meio da Libras que a linguagem da maior parte das crianças surdas evolui, é por meio dela que as possibilidades cognitivas e conceituais para nomear e categorizar a realidade acontecem. É por meio da Libras que o surdo tem acesso à cultura, ao conhecimento e à integração social.
A Libras é uma língua de um povo, e por ser uma língua, ela é viva, autônoma e reconhecida pela linguística. Ela é composta por todos os elementos pertinentes às línguas orais, isto é, ela possui organização gramatical, semântica, pragmática, sintática e demais elementos pertinentes à qualquer língua estruturada. Mas não espere tal organização como um espelhamento do português, pois não é. Quer um exemplo? Artigos não são utilizados pelos surdos na estruturação frasal da Libras. Flexões verbais também não são utilizadas e assim inúmeras outras diferenças entre o português e a Libras podem ser enumeradas.
Agora, vamos fazer outra reflexão: para os surdos, a aquisição da língua escrita não representa apenas mais uma modalidade da língua como ocorre com o português falado e escrito, em que, mesmo com as apropriações pertinentes de cada modalidade, a relação entre o som ouvido e falado, o fonema, assume relação mais direta com a letra escrita, ou grafema. Para o surdo, a aquisição da modalidade escrita representa a alfabetização em uma outra língua com diferenças sintáticas, morfológicas e fonéticas. Por isso, as irregularidades morfossintáticas identificadas na escrita dos indivíduos surdos coincidem com construções próprias da língua de sinais.Assista a esse vídeo
 produzido pelo INESSite externo. e entenda um pouco mais sobre a gramática da Libras.
Em português, na sua forma oral ou escrita, a frase: “O meu sobrinho vai se formar como jornalista em dezembro” seria a mesma, entretanto, em Libras, essa mesma frase seria: “Dezembro agora sobrinho meu formatura jornalista”. Pois é, bem diferente né? Ouvintes usam quase a mesma estrutura morfo-sintatico-semântica para o português falado e para o escrito. Relação essa não estabelecida entre a Libras e a língua escrita. Outro fator que deve ser considerado é o fato da língua de sinais as palavras não se construírem a partir de sons que se combinam, mas sim de mãos que se movimentam no espaço e se organizam de forma simultânea e não linear.
Reconhecer a condição bilíngue do surdo é apenas o início de um longo percurso a ser trilhado onde novas questões se colocam, novas descobertas, desafios e reflexões são impostas aos pesquisadores, professores e aos espaços pedagógicos em geral.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Comunidade e Cultura Surda

As comunidades surdas estão espalhadas pelo país, e como o Brasil é muito grande e diversificado, as pessoas possuem diferenças regionais em relação a hábitos alimentares, vestuários e situação socioeconômica, entre outras. Estes fatores geraram também algumas variações lingüísticas regionais.
     As escolas de surdos, de surdos, mesmo sem uma proposta bilíngüe (língua portuguesa e língua de sinais), propiciam o encontro do surdo com outro surdo, favorecendo que as crianças, jovens e adultos possam adquirir e usar a LIBRAS. Em muitas escolas de surdos há vários professores que já sabem ou estão aprendendo com “professores surdos” a língua de sinais, além de oferecer cursos também para os pais destas crianças.

Cultura surda é o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de se torná-lo acessível e habitável ajustando-os com as suas percepções visuais, que contribuem para a definição das identidades surdas e das “almas” das comunidades surdas. Isto significa que abrange a língua, as idéias, as crenças, os costumes e os hábitos de povo surdo. Descreve a pesquisadora surda:
[...] As identidades surdas são construídas dentro das representações possíveis da cultura surda, elas moldam-se de acordo com maior ou menor receptividade cultural assumida pelo sujeito. E dentro dessa receptividade cultural, também surge aquela luta política ou consciência oposicional pela qual o individuo representa a si mesmo, se defende da homogeneização, dos aspectos que o tornam corpo menos habitável, da sensação de invalidez, de inclusão entre os deficientes, de menos valia social.
(PERLIN, 2004, p. 77-78)
Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis. Editora UFSC. 2008. (p.24)

Continuando com os mesmos autores, Padden e Humphires (2000, p. n5) estabeleceram uma diferença entre cultura e comunidade:
[...] uma cultura é um conjunto de comportamentos apreendidos de um grupo de pessoas que possuem sua própria língua, valores, regras de comportamento e tradições; uma comunidade é um sistema social geral, no qual um grupo de pessoas vivem juntas, compartilham metas comuns e partilham certas responsabilidades umas com as outras.
Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis. Editora UFSC. 2008. (p.30-31)


Então entendermos que a comunidade surda de fato não é só de sujeitos surdos, há também sujeitos ouvintes – membros de família, intérpretes, professores, amigos e outros – que participam em compartilham os mesmos interesses em comuns em uma determinada localização.
Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis. Editora UFSC. 2008. (p.31)
Quantos Surdos no Brasil?
      "A população surda global está estimada em torno de quinze milhões de pessoas (Wrigley, 1996, p. 13), que compartilham o fato de serem linguística e culturalmente diferentes em diversas partes do mundo. No Brasil, estima-se que, em relação à surdez, haja um total aproximado de mais de cinco milhões, setecentos e cinqüenta mil casos (conforme Censo Demográfico de 2000), sendo que a maioria das pessoas surdas utiliza a língua brasileira de sinais (LIBRAS).” (Karnopp, 2008, p. 16, Manual da disciplina de Libras EDU 3071 - digitalizado)

Deficiente auditivo, surdo ou surdo-mudo?
    O surdo-mudo é a mais antiga e inadequada denominação atribuída ao surdo, e infelizmente ainda utilizada em certas áreas e divulgada nos meios de comunicação. Para eles, o fato de uma pessoa ser surda não significa que ela seja muda. A mudez significa que a pessoa não emite sons vocais. Para a comunidade surda, o deficiente auditivo não participa de Associações e não sabe LIBRAs. O surdo é aquele que tem a LIBRAS como sua língua.
Compreendendo o mundo surdo
     Por anos, muitos têm avaliado de forma depreciativa o conhecimento pessoal dos surdos. Alguns acham que os surdos não sabem praticamente nada, porque não ouvem nada. Há pais que super protegem seus filhos surdos ou temem integrá-los no mundo dos ouvintes ou mesmo no mundo dos surdos. Outros encaram a língua de sinais como primitiva, ou inferior, à língua falada. Não é de admirar que, com tal desconhecimento, alguns surdos se sintam oprimidos e incompreendidos.
Em contraste, muitos surdos consideram-se “capacitados”. Comunicam-se fluentemente entre si, desenvolvem auto-estima e têm bom desempenho acadêmico, social e espiritual. Infelizmente, os maus-tratos que muitos surdos sofrem levam alguns deles a suspeitar dos ouvintes. Contudo, quando os ouvintes interessam-se sinceramente em entender a cultura surda e a língua de sinais, e encaram os surdos como pessoas “capacitadas”, todos se beneficiam.
Comunicação visual

      Para estabelecer uma boa comunicação com uma pessoa surda é importante o claro e apropriado contato visual entre as pessoas. É uma necessidade, quando os surdos se comunicam. De fato, quando duas pessoas conversam em língua de sinais é considerado rude desviar o olhar e interromper o contato visual.
     E como captar a atenção de um surdo? Em vez de gritar ou falar o nome da pessoa é melhor chamar sua atenção através de um leve toque no ombro ou no braço dela, acenar se a pessoa estiver perto ou se estiver distante. Dependendo da situação, pode-se dar umas batidinhas no chão 
(ele poderá sentir a vibração através do corpo) ou fazer piscar a luz. Então, converse com o surdo olhando em seus olhos. Para se fazer entender, não se envergonhe de apontar, desenhar, escrever ou dramatizar. Utilize muito suas expressões faciais e corporais. Tais recursos são importantes quando não há ainda domínio da língua de sinais. Esses e outros métodos apropriados de captar a atenção dão reconhecimento à experiência visual dos Surdos e fazem parte da cultura surda. Aprender uma língua de sinais não é simplesmente aprender sinais de um dicionário. Muitos aprendem diretamente com os que usam a língua de sinais no seu dia-a-dia — os surdos. Em todo o mundo, os surdos expandem seus horizontes usando uma rica língua de sinais.
A Fita Azul 
Tornou-se parte da cultura surda usar uma fita azul
Sentimento azul? Celebrem! Com todas as fitas, alfinetes, pulseiras e Camisetas.
- Uma conhecida fita azul representa um motivo: ela engloba uma história, uma cultura, uma língua, um povo.
- A fita azul representa a opressão enfrentada pelas pessoas surdas ao longo da história.
- Hoje em dia ela representa as suas silenciosas vozes em um mar de línguas faladas.
- A fita azul foi introduzida em Brisbane, na Austrália, em julho de 1999, no Congresso Mundial da Federação Mundial de Surdos. Durante o evento foi feita a sensibilização da luta dos Surdos e suas famílias ouvintes, através dos tempos.
- A cor azul foi escolhida para representar "O Orgulho Surdo", para homenagear todos os que morreram depois de serem classificados como "surdo" durante o reinado da Alemanha nazista.
-Ao recordarmos a opressão dos Surdos no passado e hoje, está se tornando claro para um número maior de pessoas que os Surdos podem fazer qualquer coisa, exceto ouvir.
- Aqueles que usam a fita azul têm orgulho em mostrar um pouco de sua própria cultura: A Cultura surda.
Surdez não é uma deficiência, mas uma cultura.

FONTE: http://www.fcee.sc.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=274&Itemid=176

Outra orgulhosa conquista feita pelo povo surdo é a comemoração de seu dia, o “Dia do Surdo”. Esta data é comemorada em muitos países, na maioria no mês de setembro com variação de dias. Aqui no Brasil comemoramos o Dia do Surdo em 26 de setembro, porque nesta data foi um marco histórico importante – foi fundada a primeira escola de surdos no Brasil1 . Nesta data o povo surdo comemora com muito orgulho tendo sua cidadania reconhecida sem precisar se esconder embaixo de braços de sujeitos ouvintistas, assim como reforça a Lopes (2000, p.11):
O dia do Surdo tem um significado simbólico muito importante. Ele representa o reconhecimento de todo um movimento que teve inicio há poucos anos no Brasil quando o Surdo passou a lutar pelo direito de ter sua língua e sua cultura reconhecidas como uma língua e uma cultura de um grupo minoritário e não de um grupo de “deficientes”.
Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis. Editora UFSC. 2008. (p.75-76)


1 Foi fundada a primeira escola de surdos no Brasil, o atual INES – Instituto Nacional de Educação dos Surdos, em Rio de Janeiro no dia 26 de setembro de 1857 pelo prof. Francês surdo Eduard Huet.

Os defensores da língua de sinais para os povos surdos asseguram que é na posse desta língua que o sujeito surdo construirá a identidade surda, já que ele não é sujeito ouvinte. A maioria das narrativas tem como base a idéia de que a identidade surda está relacionada a uma questão de uso da língua.
Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis. Editora UFSC. 2008. (p.89)


Antes a história cultural dos povos surdos não era reconhecida, os sujeitos surdos eram vistos como deficientes, anormais, doentes ou marginais. Somente depois do reconhecimento da língua de sinais, das identidades surdas e, na percepção da construção de subjetividade, motivada pelos Estudos Culturais, é que começaram a ganhar força as consciências político-culturais. Em determinados momentos, quando a luta por posições de poder ou pela imposição de idéias revela o manifesto política cultural dos povos surdos.
Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis. Editora UFSC. 2008. (p.90)


domingo, 21 de junho de 2015

Sobre Libras e Cultura Surda

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Introdução 
A Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS é a língua natural das pessoas surdas. Esta língua tem seu reconhecimento legal no estado de Santa Catarina pela lei nº 11.869, de 06 de setembro de 2001 e a nível federal tem seu reconhecimento pela lei nº 10.436. A lei federal foi posteriormente regulamentada pelo decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005 onde preconiza meios de difusão da língua de sinais no âmbito publico.
 Um destes meios de promoção dessa língua é oferecer nas universidades nos mais diversos cursos a disciplina de LIBRAS. Para tanto, a Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) por meio do Centro de Educação a Distância (CEAD) vem proporcionar este aprendizado aos alunos ouvintes universitários através de disciplinas obrigatórias no currículo das licenciaturas, disciplinas isoladas e optativas a serem desenvolvidas nos mais diversos cursos, sob a responsabilidade de professores surdos.

 Além da disciplina de LIBRAS há nestes mesmos moldes o curso de extensão com o tema LIBRAS: conhecer a cultura surda. Ambos, a disciplina e o curso, foram organizados de forma a favorecer o aprendizado gradual da LIBRAS, com vistas à formação de interlocutores bilíngues conscientes das questões históricas, culturais e identitárias das comunidades surdas no mundo e no âmbito nacional.

 A disciplina e o curso de estão possibilitam às pessoas ouvintes seu aprendizado e uso corrente nas relações entre surdos e ouvintes, principalmente nas relações com as comunidades, escolares, familiares e profissionais, bem como a formação continuada em LIBRAS. O tema comunidade e cultura surda são explanados em todas as aulas em consonâncias com os demais conteúdos programáticos, por isso no decorrer deste artigo discutiremos estas questões.

Fundamentação teórica

 A LIBRAS é a língua de sinais utilizada pelos surdos que vivem no Brasil onde existem comunidades surdas. As autoras Strobel e Fernandes (1997, pág. 25) afirmam que: “A modalidade gestual-visual espacial pela qual a LIBRAS é produzida e percebida pelos surdos leva, muitas vezes, as pessoas a pensarem que todos os sinais são o desenho no ar referente ao que representam. É claro que, por decorrência de sua natureza linguística, a realização de um sinal pode ser motivada pelas características do dado da realidade a que se refere, mas isso não é uma regra. Portanto, necessita de um aprendizado sistemático, preferencialmente ensinada por surdos”. As comunidades surdas estão espalhadas pelo país, e como o Brasil é muito grande e diversificado, as pessoas possuem diferenças regionais em relação a hábitos alimentares, vestuários e situação socioeconômica, entre outras. Estes fatores geraram também algumas variações lingüísticas regionais. As escolas de surdos mesmo sem uma proposta bilíngüe (língua portuguesa e língua de sinais) propiciam o encontro do surdo com outro surdo, favorecendo que as crianças, jovens e adultos possam adquirir e usar a LIBRAS. Em muitas escolas de surdos há vários professores que já sabem ou estão aprendendo com professores surdos à língua de sinais, além de oferecer cursos para os pais destas crianças.
 Cultura surda é o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de se torná-lo acessível e habitável ajustando-os com as suas percepções visuais, que contribuem para a definição das identidades surdas e das “almas” das comunidades surdas. (STROBEL, 2008, p.30). Isto significa que abrange a língua, as idéias, as crenças, os costumes e os hábitos de povo surdo. Descreve a pesquisadora surda: “[...] As identidades surdas são construídas dentro das representações possíveis da cultura surda, elas moldam-se de acordo com maior ou menor receptividade cultural assumida pelo sujeito. E dentro dessa receptividade cultural, também surge aquela luta política ou consciência oposicional pela qual o individuo representa a si mesmo, se defende da homogeneização, dos aspectos que o tornam corpo menos habitável, da sensação de invalidez, de inclusão entre os deficientes, de menos valia social”. (PERLIN, 2004, p. 77-78). Continuando com os mesmos autores, Padden e Humphires (2000, p. 5) estabeleceram uma diferença entre cultura e comunidade: [...] uma cultura é um conjunto de comportamentos apreendidos de um grupo de pessoas que possuem sua própria língua, valores, regras de comportamento e tradições; uma comunidade é um sistema social geral, no qual um grupo de pessoas vivem juntas, compartilham metas comuns e partilham certas responsabilidades umas com as outras. (STROBEL, 2008, p. 30 - 31). Então entendermos que a comunidade surda de fato não é só de sujeitos surdos, há também sujeitos ouvintes – membros de família, intérpretes, professores, amigos e outros – que participam e compartilham os mesmos interesses em comuns em uma determinada localização. (STROBEL, 2008, p. 31) Este artigo apresenta de forma sucinta a oferta do curso LIBRAS: Conhecer a cultura surda como uma atividade de extensão que vem atender a uma premissa legal, política e ética, pois atende tanto a comunidade interna quanto a externa da Universidade. Assim, para compreendermos um pouco mais da forma como esse curso é oferecido seguem seus objetivos:  Divulgar e ensinar a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.  Possibilitar aos ouvintes a aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, como uma segunda língua.  Divulgar a história da comunidade surda e de sua cultura no Brasil e no mundo.  Trabalhar a expressão facial/corporal dentro da LIBRAS.  Estimular o uso da Língua Brasileira de Sinais, junto a comunidade em geral, visando a quebra de preconceitos.  Oportunizar o contato com os usuários da língua em diferentes momentos de interação.

 Metodologia

 A metodologia utilizada nas aulas é: aulas dialogadas em LIBRAS, exposição ao vocabulário em sinais, exercícios, utilização de técnicas teatrais e outras manifestações visuais e corporais que caracterizam a cultura surda. Sendo 60% à distância pelo ambiente de aprendizagem moodle e 40% presencial. A avaliação tem como base a participação do cursistas nos encontros presenciais e a distância. O cursista que tiver participação igual ou superior a 75% e realizar as atividades propostas é certificado. A avaliação dos cursistas sobre o referido curso é feito por meio de formulário de avaliação oferecido pelo coordenador.

 Considerações Finais

 Este curso de LIBRAS vem ao encontro da crescente necessidade de aquisição da LIBRAS por parte da sociedade em geral e dos acadêmicos da UDESC. Desta forma, a união entre ensino e extensão é explicita. Proporemos uma pesquisa sobre a concepção da inclusão nesta Universidade e, os alunos deste curso, serão também sujeitos deste processo. Pontos positivos que vemos como resultado são funcionários, técnicos e docentes, realizando o curso e proporcionando uma comunicação entre surdos e comunidade acadêmica e, também, futuros professores estão fazendo esse curso ou a disciplina de LIBRAS na graduação e terão uma consciência mais crítica e um bom conhecimento dessa língua para quando tiverem contato com um aluno surdo.

Referências bibliográficas 

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